Patrimônio geológico cárstico em rochas areníticas e políticas públicas de geoconservação, com base em estudo de caso do município de Ponta Grossa (PR)


Autoria  Pontes, Henrique Simão
Data de publicação  25/4/2024
Idioma  Português
Editor  Universidade Federal do Paraná
Coleção  Teses e Dissertações

As rochas da Formação Furnas (Siluriano/Devoniano) e Arenito Vila Velha (Carbonífero Superior), da Bacia do Paraná, são compostas predominantemente por quartzoarenitos e formam típico relevo cárstico não carbonático. Contudo, a falta de compreensão e conhecimento sobre o conceito de carste não carbonático propicia ações equivocadas de órgãos públicos ambientais, sobretudo em relação aos processos de licenciamento ambiental. Neste panorama, os objetivos foram caracterizar as feições geológicas de origem cárstica desenvolvidas nestas rochas, em exposição no município de Ponta Grossa (PR), incluindo processos e gênese da carstificação nestes arenitos, definir uma nova região cárstica considerando os novos conceitos e os riscos à conservação do patrimônio geológico cárstico e propor ações como medidas de geoconservação alinhadas com as políticas públicas. Levantamentos de campo, caracterização de litotipos, elaboração de seções geológicas e identificação das feições cársticas integraram a primeira etapa da pesquisa. Análises estratigráficas, petrográficas, de caracterização faciológica e químicas foram realizadas em fase posterior, de escritório e laboratórios. A legislação, com foco no controle do uso e proteção do patrimônio geológico cárstico de Ponta Grossa e região, foi avaliada com base na legislação federal, estadual e municipal. As buscas por levantamentos cársticos/espeleológicos em estudos de impactos ambientais foram realizadas em processos de licenciamento ambiental disponíveis pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) de Ponta Grossa. O inventário e quantificação da geodiversidade subterrânea permitiu estabelecer um parâmetro matemático para a avaliação das cavernas. Este método é proposto como um instrumento de gestão, pois indica os ambientes mais expressivos cientificamente e os mais ameaçados, que exigem ações urgentes de manejo. A gênese do carste da área é interpretada a partir do modelo de primocarste, com carstificação por arenização e fantomização. As feições geológicas de origem cárstica são cavernas, depressões no terreno, canais de parede e teto, dutos de dissolução, cúpulas, alvéolos, rochas arenizadas e/ou fantomizadas e espeleotemas. Associam-se principalmente a arenitos com granulação média. Estruturas sedimentares e tectônicas têm controle primordial no desenvolvimento destas. As características litofaciológicas também contribuem para a geração das feições, mas não são fatores determinantes. As descontinuidades físicas das rochas são importantes, pois facilitam a circulação de fluidos em zonas profundas, possibilitando o intemperismo químico e a abertura de vazios, dutos, galerias e cavernas. A criação de dutos e núcleos de dissolução em contexto freático e evolução destes na zona aerada teve como consequência a formação de depressões no terreno (dolinas) e cavernas. Os espeleotemas são compostos principalmente por sílica (opala-A e sílica criptocristalina) e caulinita, com menor ocorrência de gipsita e óxido de ferro amorfo associado à goethita e hematita. A pesquisa identificou seis tipos de espeleotemas: arborescentes, cogumelos, estalactíticos, estalagmíticos, colunares com crescimento horizontal/ascendente e fibrosos. A gênese destas feições foi associada a processos químicos inorgânicos, assim como à organomineralização. Com o intuito de contribuir com a gestão do território, melhorias na legislação e a geoconservação, são apresentadas a região cárstica dos Campos Gerais (RCCG), uma revisão dos conceitos de região cárstica e província espeleológica e o cálculo do potencial espeleológico estimado (PEE). Lacunas nas políticas públicas e inúmeros problemas legais em procedimentos administrativos foram detectados, mostrando os riscos para a proteção do patrimônio geológico da área analisada frente às várias atividades e empreendimentos de significativo potencial degradador. A gestão do território na região cárstica dos Campos Gerais e em outras áreas cársticas deve ser orientada em instrumentos de controle do uso e ocupação do solo, claros e concisos. O princípio da precaução deve nortear as medidas de geoconservação em áreas de relevo cárstico. Palavras-chave: Relevo cárstico. Rochas não carbonáticas. Primocarste. Gestão do território. Formação Furnas. Arenito Vila Velha.

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