O desenvolvimento da ciência espeleológica remonta aos esforços técnicos para possibilitar a exploração e estudo de cavernas na França do século XIX. Desde então, inúmeras ações foram realizadas no sentido de melhorar os conhecimentos técnicos e científicos sobre os ambientes subterrâneos. Estes conhecimentos eram repassados principalmente pela interação de grupos de pessoas unidas pela admiração ao meio cavernícola e pela curiosidade de explorar esses ambientes.
No Brasil Colonial, notícias sobre a visitação de cavernas registram o uso religioso das mesmas e os interesses pela exploração de salitre, no século XVII, seguidos por esboços cartográficos para fins militares, nos séculos XVIII e XIX.
Foi no século XIX que o naturalista dinamarquês Peter Wilhelm Lund organizou as primeiras expedições paleontológica na região de Lagoa Santa, Minas Gerais, e deixou importantes registros cartográficos e científicos sobre o patrimônio espeleológico brasileiro.
Em finais do século XIX e início do século XX, o naturalista alemão Richard Krone realizava estudos paleontológicos e arqueológicos na região do Vale do Ribeira, no estado de São Paulo. Mais tarde, foi responsável pela organização do que viria a ser o primeiro cadastro espeleológico brasileiro, estruturando um dossiê de mapas e fotografias de cavernas desta mesma região.
Seguindo os passos dessas importantes figuras da espeleologia brasileira, naturalistas e, depois, estudantes, professores, amantes da natureza e pesquisadores, deram continuidade à exploração e estudos destes ambientes, trazendo mais luz aos conhecimentos espeleológicos.
No Brasil atual, as principais formas de disseminação desta ciência são relacionadas:
- À atuação de grupos de espeleologia, cuja congregação forma a Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE);
- À ocorrência de regiões com cavernas, onde a interação entre as comunidades locais e o ambiente cárstico culmina em saberes tradicionais, aliados à ação educadora e divulgadora de amantes e pesquisadores da espeleologia;
- À Ciência que integra grandes áreas de estudo, desde arqueologia, paleontologia, geologia e biologia, à aspectos histórico-culturais e, até mesmo, médicos, sendo comum à prática espeleológica a interação entre as diversas áreas do conhecimento.
Contudo, a imensidão do território brasileiro incentivou a criação da Seção de Educação Ambiental (SEA), a atual Seção de Educação e Formação Espeleológica (SEFE), dentro da estrutura da SBE, no ano de 1992, com o objetivo de promover a educação ambiental e patrimonial e a melhoria no processo de difusão do conhecimento sobre o patrimônio espeleológico para todos os brasileiros.
Em 1997 foi elaborada a proposta para um Programa Nacional de Formação Espeleológica. Entretanto, somente entre os anos de 2007 e 2009, foram promovidos WORKSPELEOs, eventos pensados especificamente para a discussão das etapas necessárias à consolidação de uma formação socioambiental e espeleológica de brasileiros. Estes eventos culminaram com a assinatura de um termo de cooperação técnica com a Federação Portuguesa de Espeleologia (FPE) e na ideia de um projeto para se criar a Escola Brasileira de Espeleologia (eBRe).
Em 2016, foi criado o Grupo de Trabalho voluntário de espeleólogos de diversas regiões do Brasil, para a estruturação da eBRe, definindo os objetivos e os programas dos níveis de formação espeleológica, apresentados para a comunidade espeleológica no 34º. Congresso Brasileiro de Espeleologia (CBE), em 2017.
Finalmente, em 2019, durante a realização do 35º. CBE e concomitante à comemoração dos 50 anos de existência da SBE, a eBRe iniciou suas atividades pedagógicas, com a realização dos primeiros cursos de formação chancelados.
Apesar de recente, esta entidade tem atuado ativamente para levar os conhecimentos sobre a Espeleologia a todo o Brasil, e para estruturar cursos e materiais didáticos que auxiliem a disseminação desta ciência e fortalecer a proteção do patrimônio espeleológico brasileiro.
Para conhecer melhor o seu trabalho, visite o site https://www.ebre.org.br/